terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Que Tempo são estes?
Estamos parecendo 1492-1500 ou 1808? Estamos com cara de 1760 (início da revolução industrial) ou de 1848 (início dos grandes movimentos sociais)? Nossa paz é a de 1648 (fim da Guerra dos 30 anos e início do enfrentamento com os muçulmanos), 1919 (fim da 1ª Grande Guerra e início do terremoto nacionalista) ou 1945 (fim da 2ª Guerra Mundial e início da Guerra Fria)?

Relógios baratearam nossa consciência sobre a passagem do tempo. Fixados nas horas, nos minutos, esquecemos das periodizações transcendentais, deixamos de registrar o escoar das eras, épocas, fases, momentos. Quando só dispúnhamos de ampulhetas, o próprio escorrer da areia era, em si, um exercício de percepção temporal, suave exibição sobre nossos limites. Hoje com tantos relógios à volta, cravados na cronometria, encaramos a passagem do tempo talvez não mais do que duas vezes por ano – aniversários e finais de Dezembro (ou início de janeiro, quando assinamos o primeiro cheque).

Não temos tempo para cogitar sobre o tempo, os lapsos maiores inscritos no mais fascinante dos saberes: a História. A única das ciências que não pode ser prevista nem experimentada, esmerado painel da fantástica experiência chamada humanidade. Jornais mais longevos nos oferecem flagrantes da história instantânea comparando as edições do dia com as de 50 ou 100 anos antes. As grandes efemérides agora amplificadas pelos recursos do marketing nos projetam para o passado e, ao mesmo tempo, oferecem fascinantes oportunidades para prospecções.

Os duzentos anos da independência americana (1976), seguidos pelo bicentenário da revolução francesa (1989), os cinco séculos da descoberta da América (1992), do Brasil (2000) e agora os duzentos anos da sensacional virada (2008) que transformou a descuidada colônia portuguesa no império brasileiro funcionam como espelhos e estes como sabemos não perdoam. Esta historiografia socializada, intensa, só não agrada aos governantes: sentem-se diminuídos, impossibilitados de exibir comparações. Cada imersão no passado nos torna mais sensíveis e exigentes no tocante ao que legaremos ao futuro. Emolduradas pelo tempo cada promessa, cada inauguração e também cada diatribe soa enganosa. Somente os reis-filósofos – se é que existiram realmente – tiveram noção das palavras que pronunciaram.

A necessidade de falar ao povo esvazia as falas do trono, seus efeitos cada vez mais limitados e fugazes. Confrontadas pelas orações dos adversários, igualmente repetidas, produzem uma balburdia primal – somos felizes, estamos patinando na mesmice ou experimentando o grande salto para o futuro?

Não sabemos que tempos são estes e mal sabemos que tempos foram aqueles, deixados para trás. Únicas certezas são as dos calendários. O calendário comum avisa lacônico que o tempo está passando. O outro, o calendário eleitoral, felizmente intocável, oferece ilimitadas possibilidades de mudança. Entre um e outro, os compêndios de história.

O judeu é mais inteligente?

O judeu é mais inteligente?
Em entrevista à Folha, o cientista político norte-americano Charles Murray disse que a genética seria uma das explicações para a suposta inteligência superior dos judeus. Será?

Na condição de judeu, não acredito nessa influência genética. Não é só porque, para mim, superioridade genética e barbárie se confundem na história. Mas, como alguém que trabalha com educação, acredito que exista uma cultura específica que ajude na projeção de um povo que, apesar de ter apenas 12 milhões de pessoas, tem 25% dos ganhadores do Prêmio Nobel.

O que existe entre judeus (e não só entre eles) é uma reverência obsessiva pelo conhecimento, que vem de gerações. É o chamado povo do livro. O rabino, a pessoa mais importante da comunidade religiosa, não tem força por ser um intermediário com Deus, mas por ser um intérprete das leis, ou seja, um intelectual. Livros sagrados são feitos de perguntas.

O ritual iniciatório do judeu não é matar um guerreiro ou passar por privações. Mas é ler um livro (a Torá). Ou seja, se quiser virar adulto terá de saber ler em pelo menos uma língua. O analfabetismo sempre foi muito baixo entre os judeus, o que assegurou uma rede de escolas. A educação não é vista como uma responsabilidade apenas da escola.

Mas, em primeiro lugar, da família e, depois, da comunidade. Educa-se em casa, na sinagoga e também na escola. Aprende-se, portanto, todo o tempo e em todos os lugares. Como o judeu é o povo por mais tempo perseguido da história da humanidade, desenvolveu-se a sensação do desafio permanente.

Isso se traduz na idéia de que o estudo é a melhor defesa --e também a coisa mais segura para ser carregada. Nessa junção dos capitais humano e social, tem-se a receita não do desempenho intelectual de um povo, mas da força divina da educação, replicável por qualquer agrupamento humano.
Gilberto Dimenstein

Sansão se suicidou?


Não! Sansão não se suicidou!
Foi um ato desesperado de alguém arrependido.

Sansão experimentou o desespero de uma vida que perdeu a comunhão com Deus. Mergulhou no desespero, mas não se afogou nele.

Imagine alguém que experimentou comunhão tamanha com Deus como ele. Um nazireu de Deus, escolhido desde o ventre de sua mãe. Separado por Deus para uma missão específica dentro de uma conjuntura sócio-política-religiosa de sua nação. Dotado de uma força descomunal proviniente de um pacto com Deus simbolizada no comprimento de sua linda cabeleira.


O Livro sagrado diz que o Eterno o impelia para o deserto e ali ele experimentava comunhão com Deus. Dessa comunhão brotava a sua força, a sua glória e o seu poder. Era temido, respeitado, amado e tambem invejado pelas pessoas. As mulheres suspiravam quando ele passava. Os filisteus perdiam o sono e nos bares e botecos da Filístia só se falava nele e na sua magestosa força. "Filho dos deuses dos hebreus"! "Filho de Poseidon" ou de "Zeus"?, questionavam os bárbaros do Norte. 

Dele surgiria o mito de "Hércules". As crianças nas ruas das aldeias ou mesmo as que viviam nas campinas o imitavam em suas brigas fantasiosas.
O que ninguem sabia é que a força dele estava em sua comunhão com Deus, repito, materializada em seu longo cabelo. Passava tardes e tardes andando pelos montes rochosos, pelas cavernas sombrias e pelos campos hebreus, na companhia do seu Deus, o Eterno.


Quem pode descrever o que ele sentia? Quem pode revelar a doçura de sua comunhão com aquele que criou o Universo? Tamanha graça não pode ser descrita em palavras.


Mas na medida em que Sansão foi se tornando um homem crescido e maduro pela idade, outras coisas começaram a chamar sua atenção. A beleza das mulheres, principalmente as filistéias. Elas eram muito sensuais. Havia algo de erótico nelas que faltava nas mulheres hebréias. E as festas dos filisteus irrigadas pelas músicas e pelas bebidas e danças? Por que não conhecer um pouco mais deste mundo diferente e engraçado? Engraçado? "Vou-lhes propor alguns enigmas, parece que eles gostam disso..."Sansão já dividia o seu tempo com os idiotas filisteus. Seu temperamento melancólico e suas tardes solitárias agora estavam mais interessantes.

E Deus? Deus continuava lá nos montes e nos desertos esperando o seu herói!
Ele não veio hoje...
O perigo da Graça está aí!
Ela não reclama, não castiga, não corre atrás, não proíbe.
Depois de uma noite gostosa com uma prostituta, Sansão espera o castigo de Deus, mas o castigo não vem...


A graça não permite este tipo de critério.
Não é assim que funciona.
Deus e a sua "absurda" decisão de jamais interferir na liberdade dada ao homem. Mesmo que se trate de seu "campeão" - Sansão.
Sansão deixa a tenda do prazer e corre para o deserto. Espera o castigo do Eterno, mas ele não vem em forma de "surra divina". 


Mas, algo acontece. 
O coração de Sansão está frio em relação a Deus. Como a surra não vem, agora chegou a vez de conhecer Dalila. "Vou transar com ela"! Ela é a mais cobiçada das mulheres filistéias! 

Transa, se apaixona e espera o castigo de Deus. Corre para o deserto.


"Deus não mudou"(eu mudei!)! "Ele continua aqui e me ama e não retirou sua força de mim"! Corre para os braços de Dalila.
Não há uma placa de "pare!" Nínguem o adverte do perigo que lhe está rondando. Ele se afasta de Deus em seu coração. A Luz lá no deserto dos hebreus continua brilhando. Ela não muda. Quem se afasta é Sansão.


Agora começam as brigas de ciúmes. As discussões com a amante. As tramas nos bastidores das festas filistéias.
Tramam uma cilada. A chave é Dalila.
O coração de Sansão fica amargo e em seu íntimo; sente saudades de sua comunhão perdida com o Eterno. Em algum lugar e momento ele perdeu o rumo, perdeu a disciplina, perdeu a comunhão com Deus.


"Trocaria tudo o que tenho para voltar para Deus". "Só que agora já é tarde"(ele pensa)! Cortaram o seu cabelo. Furaram os seus olhos. Amarram ele junto aos animais de tração na moenda de trigo.
"Troco tudo o que tenho pela Sua presença!(ele se desespera)"!
"Troco até mesmo minha vida por um pouco daquela vida que tinha antes de me meter com estes filisteus"!


E na linguagem usada da relação de Sansão com Deus, a força física era sinal legítimo de comunhão restaurada. Era como voltar a casa do Pai.
"Tudo o que tenho, até mesmo minha vida, pela minha volta a comunhão Contigo"!

Então, quando amarrado entre duas colunas no templo de Dagom, e já sentindo a comunhão restabelecida com o Pai, Sansão grita:- "Morra eu com os filisteus"!


A casa cai...Milhares de filisteus morrem naquele dia. O silêncio se mistura a poeira e aos escombros. Nínguem mais está rindo.

Não foi suicidio aos olhos de Deus, foi o filho pródigo que voltou a casa do Pai!

Reinaldo de Almeida

Lançamento do livro: CAÍDOS - Autor: Reinaldo de Almeida

  A GLÓRIA DE DEUS. Existem muitos textos na Bíblia referente à GLÓRIA de Deus! DEUS é o DEUS GLORIOSO. É um dos atributos d'Ele! Deus t...