quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Uma interpretação alternativa do Apocalipse.



Introdução

Já houve tantas tentativas de se interpretar o último livro da Bíblia chamado Apocalipse na iminência de que seu conteúdo se cumprisse de forma cabal e concreta.

Mas com inúmeros fracassos de nada a se cumprir, tem sido por demais frustrante e nada ali parece ser relevante, real e verdadeiro, algo para se levar a sério deixando as pessoas céticas, cínicas e indiferentes nesses nossos dias pós moderno e de muitos avanços científicos e tecnológicos.

Já li muitos livros sobre o Apocalipse, a maioria de autores norte-americanos. Obviamente, trazendo uma visão do fim dos tempos tendo por pano de fundo o universo capitalista em oposição na época ao comunismo soviético e contra o catolicismo romano. Isso nas décadas de 70 e 80. O Brasil, como desde sempre, num misto de catolicismo romano e adventismo evangélico protestante, adotou, inúmeras vezes a mesma visão interpretativa norte americanista a respeito do Apocalipse.

A maioria das vertentes de igrejas e grupos, e isso não é uma crítica, apenas uma constatação, protestantes e de raízes evangélicas que profetizaram o fim do mundo e da "volta de Cristo" tais como os Adventistas e as Testemunhas de Jeová, são grupos que historicamente vieram da América do Norte. Esses grupos religiosos são os maiores e os mais conhecidos grupos que falharam algumas vezes nas datações do fim do mundo e tiveram que alterar suas datas ou interpretações em razão de seus fracassos repetitivos. Houve outros grupos religiosos também com menos adeptos e menos expressivos.

O fracasso das profecias do Apocalipse não se cumprirem diante de nossos olhos não se restringiram apenas aos religiosos dentro das paredes dos templos eclesiásticos, mas também dentro de salas de reuniões esotéricas as mais variadas e dos documentários televisivos em canais abertos e fechados, houveram insucessos muito semelhantes aos anteriores e com repercussões em escalas mais abrangentes; tomo como exemplo os vários episódios do canal History Channel sobre o Apocalipse Maia.

Na tentativa de fundir o calendário Maia, comparando e se assemelhando e misturando doses de textos do Apocalipse,  junte-se a isso muitas produções cinematográficas com efeitos especiais hollywoodiano, tivemos vários documentários do fim do mundo para dezembro de 2012... Mas nada aconteceu. Que triste!

Alguns, mesmo diante do engano interpretativo profetizado, tentam dar uma explicação cabível, mas não mais convincente de tal erro profético mal calculado.

Então, diante de tudo isso e consciente de todas essas tentativas falaciosas, como se garantir que não serei mais um auto-enganado? Seria muita "burrice" de minha parte se eu entrar pelos mesmos caminhos daqueles que já se enganaram antes de mim!

Por isso, me atrevo a tomar um caminho bem diferente e alternativo pelo qual já percorri e não saindo "queimado", pelo contrário, desafio o querido leitor a percorrê-lo comigo, de maneira, que olhando esse maravilhoso livro da Bíblia sagrada, você consiga terminar a leitura e compreensão das profecias ali mencionadas com mesmo sentimento que João terminou sentindo: júbilo e esperança!

Vamos começar então, levando em consideração alguns detalhes importantes de início e introdução...

PARTE I

Os segredos revelados marcando o final da história da civilização humana no livro do Apocalipse existem em 4 tempos percebidos:

1º) TEMPO LINEAR - Esse é o nosso tempo, nosso mundinho; só pensamos em passado, presente e futuro. Ontem, hoje e amanhã. Café da manhã, almoço e jantar... E por aí vai... Isso é coisa do ocidente cristão, capitalista e industrializado. Andamos com relógio de pulso para não perdermos a hora! Somos totalmente mergulhados nesse tempo. Só pensamos desse jeito. Estamos condicionados e viciados em pensar só linearmente. Então todas nossas interpretações do Apocalipse são feitas unicamente no tempo linear. Até no "Facebook" temos a nossa "linha do tempo". Que tristeza! 

2º) TEMPO CÍCLICO - também chamado de tempo espiralado, como o tempo dos Maias, Incas, Hopis e Astecas, em forma de disco, prato; a vida é um espiral que temos como no microcosmo o registro espiralado do DNA e no macrocosmo a Via-láctea. 
Coisas que aconteceram milhões de anos atrás, ainda acontecem hoje, várias vezes. Já existiram vários "apocalipses" na história da civilização angelical, jurássica e humana.

3º) TEMPO SIMULTÂNEO - Deus nos vê aqui, e vê quem está em hospitais, em casas, nas ruas, na chuva, nas matas, nas favelas, nos bares, nas igrejas, enfim, uma infinidade de ambientes e universos paralelos, das minhocas e amebas, dos átomos e partículas subatômicas aos cantos escuros do Universo, das criaturas microscópicas aos anjos e demônios, isso na mesma  partícula indivisível do tempo, enfim em qualquer lugar. 

4º) TEMPO ETERNO - para Deus, Jesus morreu antes de o mundo existir, e por isso acaba-se aqui a doutrina da predestinação, da reencarnação, da eleição, do universalismo, dispensacionalismo ou mesmo qualquer outra doutrina. Os tempos e as eternidades cabem dentro dele. Nem a eternidade é eterna, pois ela só cabe dentro de Deus. Deus é!

Esses 4 tempos se encontram dentro do livro do Apocalipse. 
No ocidente da terra, Deus é muito pequeno. Deus é linear.
No oriente, Deus é maior do que o Deus dos cristãos ocidentais. Foi num fragmento da história de um judeu do Oriente Médio que o Apocalipse foi escrito e não numa cultura ocidental, norte-americana-européia-capitalista.

Ainda estamos presos a matriz do catolicismo romano do império de Constantino. No numeral romano (ocidental) até a limitação cultural é ausente da existência do "zero", sem início e sem fim, criado tão sabiamente pelos árabes (orientais)!

Concluindo então essa parte sobre o meio de se medir o tempo:

A vida é constituída de tempo sobres tempos.

Tempo em nosso mundo ocidental é o linear.

Todavia o tempo é algo extremamente flexível, dobrável, cíclico, muito embora o nosso relógio indique o contrário em sua marcação de segundos, minutos e horas.

Nesse estudo, quero levar o leitor a pensar e a considerar a flexibilidade do tempo em todas as suas variáveis quanto a interpretação mais lógica e elástica dos textos bíblicos que trabalham com a importância do tempo relacionado à escatologia e profecias a se cumprirem.

Talvez esse assunto mexa com o sentido geral da inflexibilidade do tempo linear, sequencial, duro, em que a maioria dos seres humanos está condicionada, condicionamento este, que tanto a Bíblia como a Física, dentre ela, a teoria de Albert Einstein, sobre o espaço-tempo, se recusa a se tornarem reféns.

Albert Einstein, por exemplo, disse que o tempo é uma ilusão: "a persistência entre futuro, passado e presente é uma ilusão". Interessante que esse conceito vai de encontro daquilo que a Bíblia diz que Deus só tem um dia e ele se chama "Hoje"! (Por isso Deus estabelece outra vez um determinado dia, chamando-o "hoje", ao declarar muito tempo depois, por meio de Davi, de acordo com o que fora dito antes: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração". Hebreus 4:7)

Quero repetir isso de outra maneira:

Essa ditadura do tempo linear, sequencial, inflexível do relógio ocidental não existe mais, nem na Física quântica e subatômica, nem do ponto de vista de muitas culturas humanas que existem ou deixaram de existir, como por exemplo, os maias, os hopis e os incas e nem na Bíblia. Culturas antigas como os babilônicos, sumérios, egípcios, gregos, hindus, chineses e outras, possuíam um calendário mais completo e mais lógico para a medição do tempo.

Esta ditadura inflexível e mensurável que usamos para ler o tempo hoje é praticamente coisa dos tempos modernos (faço aqui uma alusão ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin) e industrializados e  de uma cultura fortemente capitalista e ocidental.

Os povos do passado e  de algumas culturas da terra ainda se baseiam sua medição do tempo de uma forma bem diferenciada da nossa.

A Bíblia, que ignora totalmente nossa maneira ocidental e filosoficamente capitalista de fazer uso e medição do tempo, foi originalmente concebida numa cultura oriental (Oriente Médio), por mais de 40 escritores genuinamente do Oriente Médio e que tiveram por transcendência, a missão de registrar assuntos do Eterno,  e  onde a máxima do tempo presente que diz que o “tempo é dinheiro” é desconhecida do conceito bíblico.

Lamentavelmente é com esses olhos ocidentais e materialista é que nos aproximamos das Escrituras Sagradas para lê-la e deixamos sua interpretação mais profunda para os teólogos e líderes eclesiásticos fazerem, isso quando fazem, pois na maioria das vezes não é feito. 

Então temos quase sempre, uma incoerência da interpretação oral daquilo que foi escrito. A Bíblia é intrinsecamente judaica, grega e aramaica em seus escritos; a questão da distância, do tempo, do espaço físico, cultural  e geográfico, são totalmente ignorados na maioria das vezes na sua abordagem, hoje.

Espero e oro para que este pequeno opúsculo possa ajudar ao leitor, tanto nesta regra básica da leitura bíblica, como expandir sua maneira de “ler” o tempo, e com isso, nos arremessar para um aproveitamento qualitativo e quantitativo do nosso tempo de vida.

Pretendo assim, que esse seja a continuação ou mesmo o segundo volume do meu livro já publicado pela editora Roca “O que fazer quando nada acontece”, onde trabalhei com o conceito do tempo “kairós" *.

Nas próximas páginas pretendo entrar, como quem pisa em terra sagrada, no livro do Apocalipse. 

Parte II

O apocalipse Maia foi um fiasco para o dia 21 de Dezembro de 2012, embora eu duvide que os Maias tenham profetizado o fim do mundo para tal data. Acredito que esse império tenha apenas fechado um ciclo dentro de um período de tempo pré-estabelecido. Sempre acreditei nisso desde quando essa previsão havia sido alvo de conjecturas e especulações em 2009.

No entanto, as profecias apocalípticas de João em Patmos continuam atuais. Em nenhum momento da Bíblia encontramos permissão divina de estabelecermos data e hora para o "fim do mundo". Marcou uma data, imediatamente ela estará fadada ao fracasso, não importa de quem tenha vindo!

Entretanto, permanece o fato de Jesus ter dito que feliz e bem-aventurado aquele lê e ouve as profecias do Apocalipse!

Admito que o último livro da Bíblia é um terreno bem pantanoso para se caminhar, porém, nesse pântano há algumas "pedras" sólidas para se poder avançar na compreensão mais ampla da mensagem do livro. Uma vez que isso seja fixado na mente, as revelações de João se tornam bem mais proveitosas e sadias para o leitor desse livro.

Nesses trinta anos de leitura teimosa do Apocalipse e presenciando o fracasso previsto e antecipado pelos vários interpretes que se atreveram a fixar datas e geografias indubitáveis nas diversas passagens simbólicas e alegóricas da visão do apóstolo, percebi que algumas realidades devem ser consideradas na compreensão desse misterioso livro:

1º João é um escritor do I século, cuja cultura, política e sociedade influencia fortemente sua cosmo visão dos tempos finais. Diante disso aparecem elementos culturais que são somente compreensíveis para os leitores do I século, não há correlação com nada de nossa época, e ponto final.

2º Há no mínimo 4 maneiras de se perceber a questão da medição do tempo no Apocalipse. Como escrevi na 1º parte desse estudo, o tempo é algo flexível no Apocalipse e na Física científica e quântica, a fixidez linear do tempo ocidental é do nosso calendário "cristão"  e deve ser posto apenas como uma a mais diante dos outros 3 tipos de tempo que aparecem no Apocalipse, ou seja, perceba quando o tempo linear, o tempo cíclico e espiralado, o tempo simultâneo e o tempo eterno acontece na narrativa de João!

3º Muitas realidades descritas simbolicamente no Apocalipse é a repetição de um fenômeno histórico contado repetido vezes apenas mudando os simbolismos, as caricaturas e ícones dos mesmos personagens envolvidos! Os elementos e as figuras arquetípicas no Apocalipse são fortíssimas e muitas delas terão que ser destruídas do arcabouço da consciência e da inconsciência da civilização humana.

4º Muitas vezes numa mesma visão estão inseridos os quatro tipos de tempos! (exemplo, Apocalipse 12)

5º Há três personagens principais e responsáveis por todos os eventos apocalípticos que se desenrolam na trama apocalíptica: Cristo, Israel e as nações.

6º. O Apocalipse não é o fim apenas de um sistema humano que não deu certo, o apocalipse também é a revelação de mundos espirituais e invisíveis de choques e finalizações. O juízo final do Diabo e seus anjos também acontecem nessa revelação!

7º Finalmente, o mundo não acaba no Apocalipse e sim há mudanças de sistemas e governos que geram mudanças na geografia, natureza e sociedade na narrativa de João.

É importante que se gaste toda essa explicação e introdução antes de se entrar propriamente no estudo do último livro da Bíblia. Eu disse que proporia uma interpretação diferenciada, para não nos incorrer mesmos erros que a maioria dos intérpretes desse livro fez. E enquanto o leitor não aceitar o fato e se convencer de que "o tempo" é totalmente flexível no Apocalipse e que ele não está na forma linear e cronológica (cronos), qualquer outra forma de lê-lo será confuso e contraditório.

Isto posto como pedras sólidas no pantanoso livro do Apocalipse, torna-se mais segura e proveitosa a sua leitura!

Parte III

Descreverei uma interpretação alternativa das profecias desse último livro da Bíblia. Espero que você amigo leitor me acompanhe nessa jornada, sem medo e sem fobia do tema. Há mais motivos de alegria do que de medo desse tema apesar do aspecto punitivo e de juízo do conteúdo do livro. 

Jesus disse: “Bem-aventurado (feliz!) aquele que lê, e bem-aventurado (novamente, feliz!) aquele que ouve as profecias desse livro (Apocalipse) porque o fim está próximo (Apoc. 1:3)”. Se for feliz quem entra no estudo desse livro então não há razão para toda essa fobia!

Apocalipse, que significa "Revelação". Se o livro indica algo que foi revelado, "tirado o véu", por que lidamos com esse "ômega" do Canon (canonicidade - santidade) sagrado com tanto medo e confusão?

Sempre lidei com o Apocalipse levando em consideração as palavras iniciais de Jesus dizendo que "feliz aquele que lê e felizes aqueles que ouvem as palavras desta profecia, pois o fim está próximo"!

Considero que "o fim está próximo", e  próximo mesmo, se levarmos em conta que o Apocalipse, de fato, começou na crucificação do Messias, quando Jesus deu o grito sufocado de "tetelestaí", o grito de "está consumado" (João 19:30), ali começou o Apocalipse! O Apocalipse no começa do nada. O "fim dos tempos" começou na cruz com a morte de Jesus. A partir desse fato histórico no tempo linear e que Paulo chama de "plenitude dos tempos" (Gálatas 4:4) é que foi atingido o propósito eterno de Deus.

É outro engano soberbo dessa sociedade capitalista e de descobertas cientificas e tecnológicas, acreditar que estamos no "auge" e privilegiados por todas essas possibilidades que essas parafernálias tecnológicas nos fornecem em termos de entretenimento, conforto e modernidade. Aos olhos de Deus, estamos no fim, estamos em "queda" no quadro estatístico proféticos. A cruz foi erguida, no pico, no auge, na plenitude dos tempos e causou um rombo no casco desse navio chamado "civilização humana". A morte do Cordeiro abriu "os tempos do fim", e é isso que Deus vê em toda essa loucura, alienação e correria dos tempos modernos.

É um enorme engano acreditarmos que o Livro da Revelação são profecias para um futuro muito distante. O Apocalipse se iniciou na Cruz, a dois mil anos atrás e não no fim dos tempos! Estamos com o pé dentro do Apocalipse e não nos apercebemos disso!

O "está consumado" é um está consumado mesmo! Depois daquele grito e posteriormente a morte do Messias, a profecia das "setenta semanas (de anos) do profeta Daniel", o Ungido é arrancado (o ato da crucificação) e já não haverá lugar para ele, a cidade (Jerusalém) e o lugar santo (o templo) serão destruídos (e isso iniciou-se quando o general romano, Tito, invadiu a palestina no ano 70 d.C, destruindo a cidade de Jerusalém e o templo), pelo governante que virá (o anticristo), o anjo Gabriel diz "que o fim viria como uma inundação!" (Daniel 9: 26)

É interessante que nos últimos dias do Messias, na véspera da crucificação, quando então se despedia praticamente dos seus apóstolos, Jesus solta uma declaração estranha dizendo que “já não lhes falaria muito, pois o príncipe deste mundo estava vindo" (João 14: 30)É claro que Ele se referia sobre chegada de Satanás, mas implicando nisso, que essa chegada do diabo representava o espírito do anticristo invadindo toda a terra! Em Daniel afirma que o príncipe que há de vir, viria como uma inundação! 

Há muitos textos proféticos que corroboram o que acabo de descrever, cabe o leitor identificar isso por si mesmo, mas eu não tenho dúvidas de que o Apocalipse começou na cruz; estamos vivendo apenas uma "sobrevida" de um navio gigantesco que sofreu uma enorme ruptura no casco, cuja casa das máquinas já esta sendo inundada pelas águas, enquanto esse mundo canta e dança (como no filme Titanic), sem perceber que o navio está afundando.

Ali em Daniel 9:26 diz que "guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas." É a nossa época marcada com guerras e catástrofes de todos os gêneros.

Jesus disse em Mateus 24: 4 em diante, até o verso 14, que haveria muitos fenômenos naturais e espirituais que marcariam a sua ausência física na Terra, um período de perseguição, engano e catástrofes; um péríodo de grandes contradições e paradoxos, mas "este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, então virá o fim" (v. 14). 

Esse texto tem todo o conteúdo de dois mil anos de história humana, nisso, com a presença contraditória da Igreja (pessoas alcançadas com a mensagem do Messias crucificado) e a presença do espírito do príncipe que há de vir - o anticristo - juntos. Esse período seria marcado com a presença de muitos falsos profetas (pregadores e teólogos) negando a encarnação do Messias e sua morte, tanto quanto essa apostasia era um sinal claro do espírito do anticristo que está vindo, e agora já está no mundo! (I João 4:1,2 e 3)

Jesus, Paulo, Pedro, Judas e João disseram que a Igreja (discípulos do Messias) estaria sujeita à presença de falsos mestres, falsos líderes cristãos, pregando um falso evangelho. Esse tempo é caracterizado pela convivência do joio e do trigo juntos. Tempo esse que vivemos que é marcado por um espírito de anti-evangelho, que nega (aberta ou sutilmente) as implicações da morte e ressurreição de Jesus Cristo, seja por uma total ausência dessa mensagem, seja por um desvio sutil da mesma.

Na profecia acerca do Messias, o Ungido Jesus Cristo,  a chegada do Reino foi concretizada com a encarnação do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.  João, o Batista disse que o Messias vinha com o machado na mão, derrubando a árvore, ajuntando o trigo e queimando a palha. Isso está acontecendo agora, como sempre, desde suas pregações nos dias de sua encarnação até os dias de hoje.


Parte IV

Pois bem, agora que alguns princípios necessários foram lançados, podemos entrar efetivamente no texto do Apocalipse.

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;
 No idioma grego, apocalipse, apokálypsis, significa literalmente "tirar o véu", ou seja, revelação!

Se o "véu" é removido dos nossos olhos na leitura desse texto, onde o planeta Terra é o palco e o centro de muitas atividades humanas e espirituais; onde as muitas dimensões cósmicas existem e co-existem numa simultaneidade que fundem atividades humanas e civilizações espirituais, onde a gente e seres alienígenas se convergem para esse centro planetário onde o Deus todo poderoso escolheu para suas atividades e que nesse livro há um descortinar desses mundos em conflitos e onde camadas dimensionais podem ser vistas. Por isso é um "tirar do véu". Coisas que olhos humanos não podem ver com nitidez, embora sejam perceptíveis ao sentido da fé e do espírito humano, todavia é no "remover do véu" dos nossos olhos, temos o privilégio de contemplar esse cenário de intensas atividades num só espaço e num só tempo. Aliás, espaço-tempo uno, só é possível enxergar nesse livro.

Observe também que a "revelação é de Jesus Cristo". Não é de João e nem do anjo a quem Jesus enviou ao apóstolo. A revelação sendo de Jesus agora, ressuscitado, transformado, glorificado e com todo poder e autoridade conferida a Ele pelo Pai, de modo que essa palavra de Jesus dias antes de sua crucificação não vale maisMas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Marcos 13:32
Sendo Senhor agora dos céus e da Terra, agora ele sabe. Tendo vencido a morte e o inferno, agora ele sabe. Estando sentado do lado do Pai todo poderoso, agora Ele pode revelar à Igreja as coisas que irão acontecer nos tempos finais dessa geração. Deus deu para Jesus tal revelação e Jesus mostrará para seus servos (igreja) os eventos que em breve irão acontecer.

O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.
Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.

Apocalipse 1:2-3

É João, o apóstolo, que testificou da palavra de Deus, que no caso aqui, não é a Bíblia, visto que o Canon dos livros, tanto do Antigo, como do Novo Testamento ainda não era uma ideia possível na mente de nenhum judeu ou grego. Um livro, chamado "Bíblia, era impossível num mundo onde o pergaminho e o papiro eram a mídia escrita acessível de poucos ricos letrados. A palavra e o testemunho de Jesus Cristo é um fenômeno só. O "Verbo que se fez carne". A palavra e o testemunho: Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. 1 João 5:7

Dar-se-á bem aquele que lê e aqueles que ouvem as palavras desse livro, e é nesse ponto que seria uma grande incoerência divina nos dar um livro que não fosse possível seu entendimento. Como ser feliz com algo que você não entende o motivo para tal felicidade?

Daniel, o profeta do antigo testamento, nos dá uma dica de que determinadas profecias só seriam possíveis de entender plenamente na medida em que o avanço científico e tecnológico fosse uma realidade: E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará. Daniel 12:4

Decidi não fornecer muitos detalhes geográficos e sócio-econômicos-culturais da época de João, o apóstolo, visto que, essas informações podem ser encontradas exaustivamente na internet. Pretendo me concentrar na interpretação vinda por revelação do texto apocalíptico, dada a carência de material nas prateleiras das livrarias nos dias de hoje. Entendo que os muitos fracassos, em razão dos cumprimentos das profecias desse livro, geraram certo "medo" em analisar e ousar prever alguma coisa!

João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;
Apocalipse 1:4

Uma vez que João é o emissário das visões que lhe foram mostradas sobre os finais dos tempos, o remetente direto da mensagem são as sete igrejas que estão na Asia Menor, hoje a atual Turquia. Creio que a escolha dessas cidades foi em conseqüência de sua localização geográfica e comercial dentro do império romano. Vale tambem lembrar que eram pólos industriais importantíssimos de artigos a serem comercializados em todo império romano e além-mar. Por exemplo: Éfeso era divulgadora do culto a deusa Diana, com grande quantidade de artistas profissionais e ourives, além de ser uma das maiores cidades das sete e estar à beira-mar de onde havia uma grande movimentação de navios, viajantes, turistas e comerciantes em seu porto. Pérgamo era a cidade fabricante de pergaminhos, de onde se originou seu nome, somando-se a isso o altar consagrado ao deus-homem, imperador de Roma. Tiatira era a cidade dos tecidos, tintas e das pigmentações, muito visitada por comerciantes e turistas da Europa e do Leste europeu. Enfim, cada cidade seria um pólo irradiador da visão apocalíptica dada a João. Veremos alguns detalhes mais específicos mais adiante.

...Graça e paz sejam convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono; Apocalipse 1:4

Essa saudação expõe características próprias da pessoa de Jesus e do Espírito Santo. Jesus afirma sua presença na história passada, presente e futura da humanidade e propositalmente ele se revela e se auto afirma como participante da divindade quando se iguala na mesma declaração que Jeová fez através de Isaías e que João, sendo um judeu e conhecedor das Escrituras, a quem jamais um judeu aceitaria um outro "deus" e João isso entendeu muito bem! (Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.) Isaías 43:10
Mais tarde, na sua carta universal, João chama Jesus de "verdadeiro Deus" E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. 1 João 5:20

Aliás, essa é uma característica constante no livro do Apocalipse: declarações encontradas no Antigo Testamento atribuídas ao próprio Jesus Cristo. João entendeu, assim como Jó milhares de anos atrás, que só Deus poderia nos defender dele mesmo! Ah! Se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o homem pelo seu próximo! Jó 16:21

Agora, os sete espíritos que estão diante do trono de Deus, fazem uma alusão do Espírito Santo como um candelabro com sete lâmpadas, uma figura muito conhecida por João uma vez que dentro do tabernáculo havia um candeeiro de ouro puro com sete lamparinas, ou seja, não sete candeeiros, mas um candeeiro com sete lâmpadas: sete características marcantes da personalidade do Espírito Santo no Antigo testamento conforme nos revela: (E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.) Isaías 11:2 As sete lâmpadas:

  1. Espírito do Senhor - nas mais diversas manifestações (fogo, pomba, água, luz, leite, etc. Conforme as Escrituras judaicas)
  2. sabedoria;
  3. entendimento;
  4. conselho;
  5. força;
  6. conhecimento;
  7. e temor.


Essa identificação que Jesus usa para saudar João é muito importante. Estabelecem na memória do velho João as conexões importantes de Jesus, a quem ele havia conhecido antes da ressurreição e ao mesmo tempo com o YAVÉ do Antigo Testamento, aliás, para João não era o "Antigo" Testamento e sim as Escrituras Sagradas de seu povo. Não havia ainda um "Novo" Testamento.
Embora Jesus fosse em essência e natureza "ele mesmo", uma mudança fortíssima havia acontecido em sua aparência física. Outros discípulos também tiveram dificuldade em identificar Jesus após sua ressurreição: E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecesse. Lucas 24:15-16
E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.

E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,

Geralmente a palavra "testemunha" tem mais conotação com o termo "martírio" do que um simples testificar, mas talvez as duas palavras para descrever o termo sejam as duas em uma só, ou seja, foi fiel no seu testemunho, em suas palavras, em suas declarações a ponto de ser martirizado por ela! O Verbo encarnado e martirizado!

Outra identidade importante é de que Jesus é o "primogênito" dentre os mortos e isso significa muitas coisas além daquelas que o antigo testamento atribuía como direitos e deveres do filho mais velho. Ao primogênito cabiam:

  • A herança de propriedade em dupla porção;
  • a assumir o lugar do pai em sua morte;
  • assumia a autoridade do pai;
  • assumia o trono quando o pai era rei;
  • tinha primazia em meio aos outros irmãos.
Porém, Jesus é o primogênito dentre os mortos. Significando tudo isso e muito mais, como por exemplo, o primeiro de uma raça nova que habitará a Terra por toda a eternidade. Recebendo de Deus tudo aquilo que Adão teria recebido de Deus antes de Gênesis 3, o tipo de corpo, poderes, força, glória e atribuições que nós nem tivemos a oportunidade de ver em Adão e Eva! 
Para entendermos um pouco da extensão dessa primogenitura temos que entender que o Cristo já existia antes de Jesus. Veja bem, Jesus é um nome humano, dado por um anjo chamado Gabriel, Cristo é um título que descreve sua natureza divina. Como Cristo, o ungido, o messias, ele sempre existiu. Mas essa herança de primogenitura ele recebeu como homem e não como Cristo. Como Cristo e sendo a segunda pessoa dentro da trindade ele usufruiu de uma glória existente mesmo antes de existir mundos: E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. João 17:5 - E por que eu estou me demorando nesse ponto? Por que é um Homem glorificado que vai desatar os selos para o Apocalipse acontecer. Por isso repito, o Apocalipse começou na morte e na ressurreição de Jesus. Paulo chama aquele momento de "plenitude dos tempos" - Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Gálatas 4:4 Paulo também chama Jesus de "último Adão" Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. 1 Coríntios 15:45.

Essa é a grande revelação do Apocalipse, a espinha dorsal dessa grande mensagem do livro: Jesus é primeiro de uma raça de seres humanos que herdarão a Terra para sempre. Quando alí se diz que ele - Jesus - "e o príncipe dos reis da terra". essa Terra é aquela que já está restaurada no capitulo 21 e 22. 

Essa é uma das características desse livro: uma declaração no capitulo primeiro que aponta para os dois últimos capítulos. Jesus será o "príncipe dos reis da Terra".

E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.

Pois bem, uma vez que Jesus é o nosso irmão mais velho, nosso primogênito, ele por meio de seu sangue e de sua morte, nos fez reis e sacerdotes. Duas funções a serem exercidas no reino de Deus. Esse reino de Deus não se trata apenas do período chamado milênio. O reino de Deus existe desde antes da fundação do mundo - Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; - Mateus 25:34

O milênio é apenas um pequeno espaço de tempo nesse "reino de Deus" com um propósito específico para um povo específico. Assim como atualmente o "reino de Deus" já está presente, cumprindo um propósito específico. Há necessidade que pensemos com categorias mais amplas daquelas que estamos acostumados, e repito pararmos de pensar só na condicionada linearidade do tempo.

Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso. Apocalipse 1:7-8

Jesus repete sua promessa feita e testificada pelos dois varões de branco que apareceram no Monte das Oliveiras no momento de sua despedida e da sua ascensão ao Céu E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

Lembre-se que já se passaram muitas décadas desde quando esse episódio aconteceu com João, o apóstolo, no Monte das Oliveiras. E existem duas possibilidades aqui: primeira, a de que essas tribos sejam as menores expressões de etnia no planeta, ou seja, todos, absolutamente todos, presenciarão seu retorno visível. A segunda, a de que João esteja se referindo aos judeus espalhados das 12 tribos de Israel por todo império romano, lembrando que nessa época, em que o Apocalipse lhe foi dado, Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C e os judeus se dispersaram para todos os cantos do planeta, isso até os dias de hoje. Eu penso que, para João essa era o significado real, no entanto, para nós a primeira interpretação seja a mais cabível, usando a hipérbole como figura de sua total aparição para os moradores desse planeta!

E, novamente, a Deidade de Jesus é declarada se assemelhando com repetidas declarações pelo YHVH do Antigo Testamento. Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Isaías 44:6  Já não dá mais para saber se é o Pai ou o Filho que está falando aqui, entretanto, creio ser algo proposital, visto que o Pai e o Filho são UM! - "Eu e o Pai somos um". João 10:30

Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. Apocalipse 1:9-11

De todos os doze apóstolos, João, o Apóstolo Amado e filho de Zebedeu, tornou-se o mais destacado teólogo, tendo morrido de morte natural, em Éfeso, no ano 103 d.C., quando tinha 94 anos. Segundo bispo Polícrates de Éfeso em 190 (atestada por Eusébio de Cesareia na sua História Eclesiástica, 5, 24), o Apóstolo "dormiu" (faleceu) em Éfeso. Contudo, conta-se que a tumba estava vazia quando foi aberta por Constantino para edificar-lhe uma igreja.(http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Evangelista)

A tradição mais primitiva afirma que João foi banido para Patmos pelas autoridades romanas. Esta tradição é crível por que o banimento era uma punição comum durante o período imperial para diversos tipos de ofensas. Entre elas estavam a prática da magia e da astrologia. A profecia era vista pelos romanos como estando nesta mesma categoria, seja ela pagã, judaica ou cristã. A profecia com implicações políticas, como a expressada no Apocalipse, seria percebida como uma ameaça à ordem e ao poder político romano. Três das ilhas nas Espórades eram o destino dos perseguidos políticos (segundo a História Natural, de Plínio, 4.69-70; e os "Anais", de Tácito 4.30)

— Adela Collins, Verbete "Patmos", no Harper's Bible Dictionary7




Bem, não desejo entrar muito em detalhes do aspecto biográfico, cultural, social e até mesmo cronológico do apóstolo João, visto que, há abundante informação do escritor apocalíptico na Internet. Meu objetivo aqui é dar uma interpretação das visões do apóstolo na Ilha de Patmos.

Pois bem, quem colocou a visão em forma de narrativa é João, o apóstolo, como se trata de uma "narrativa", obviamente segue uma linearidade, entretanto, não será uma narrativa seguindo um cronograma, ou seja, o maior equívoco cometido contra o livro do Apocalipse foi sempre interpretá-lo como um livro com começo meio e fim. É verdade que ele tem uma certa linha cronológica, afinal, seria uma verdadeira bagunça, caso não fosse, mas essa linearidade transcende a própria narrativa do escritor. Insisto nesse ponto, pois é comum vermos o livro desse jeito: tudo certinho!

Essa visão só é possível numa transcendência espiritual e não corporal por isso João tem que ser arrebatado. É nesse ponto inicial que eu parto do pressuposto que do ponto de vista de João os relatos apocalípticos não poderiam ser cronológicos e historicamente localizados. Há uma diferença gritante em você contar a história de um rio sentando dentro de um barco e olhando cronologicamente para ele, fazendo suas anotações, de você contar a história desse mesmo rio, olhando de cima de um avião bimotor tendo do seu lado alguém que sabe de onde ele nasce, cada curva que ele faz, quais os peixes que nele vivem,onde ele desemboca, quem são seu ribeirinhos, que tipo de planta ele produz, como são suas ribanceiras e tal, e tal e tal. Tudo isso te mostrando do "alto" de um "arrebatamento", ou outras vezes devolvendo ele de volta para dentro do barco. Numa visão tridimensional de tudo. Por isso João foi arrebatado! 
O dia do Senhor aqui não há barreiras entre espaço e tempo.

O livro do Apocalipse, acima de tudo, é essa visão do rio da civilização humana desde o começo até o seu fim. Explicam todas as questões levantadas por estudiosos, filósofos, profetas e pensadores. Atrevo-me a dizer que o livro do Apocalipse responde todas as perguntas de todos os homens em todos os tempos!

Esse "dia do Senhor", pode ser o primeiro dia da semana, que não é o "domingo", pois os judeus não tinham essa designação, isso veio depois com o cristianismo. Para um judeu o "primeiro dia da semana" é o dia que vem após o sétimo dia, o Shabbat, mas para a nossa sociedade ocidental capitalista, o primeiro dia da semana é a "segunda-feira" e o domingo é o último... E por que estou escrevendo isso? Porque não dá para entender o Apocalipse seguindo as explicações dos comentaristas "cristãos". A maioria dos comentaristas das Bíblias com comentários segue essa versão "tradicional". Porque, vejamos:

O "dia do Senhor" pode ser um "Hoje" eterno: Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações. Hebreus 4:7

O "dia do Senhor" pode ter durado mil anos para João sem ele perceberMas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. 2 Pedro 3:8

O "dia do Senhor" pode ser o tempo todo em que a visão do Juizo de Deus se mostra para João, ou seja, um dia sem ser de 24 horasPorque o dia do Senhor está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça. Obadias 1:15

O "dia do Senhor" tambem pode ser o primeiro dia após o Shabatt judeu: E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. Mateus 28:1

Eu prefiro a terceira possibilidade. 

Ao ler esse livro é importante considerar todas as possibilidades e não ficar condicionada a uma só!

Ao se virar para ver de onde vinha aquela voz como de trombeta: E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; Apocalipse 1:12 . João ao invés de, em primeiro lance, ver o Dono da voz, ele vê sete castiçais de ouro. Há uma mensagem interessante aqui: a voz de Deus nesse tempo presente só deveria ser ouvida por meio da "Igreja". No entanto, a igreja que deveria ser essa voz divina ao mundo será a primeira a ser julgada, admoestada e corrigida por seus erros. A igreja deveria ser a "voz de Deus" para o mundo.  Infelizmente, em dois mil anos de história da "igreja Cristã" muita coisa errada aconteceu e o cristianismo histórico não foi fiel à essa "Voz". Na maioria das vezes essa "Voz" foi ouvida do lado de "fora" dessa igreja histórica. Vendo por esse prisma a "Igreja" muitas vezes esteve fora da "igreja" para poder dar "voz" à essa "Voz" que a igreja já não mais transmitia quando ficou sujeita aos interesses de reis, papas e poderes políticos e econômicos de governantes! Essa "igreja" prostituída, sentada num poder político será analisada mais adiante...

Essas duas "igrejas" precisam ser distinguidas. Tem uma que aparece antes das aberturas dos selos. Essas, simbolicamente percebidas por João naqueles sete candeeiros, essas são amadas e por isso são advertidas, aconselhadas e repreendidas pelo Senhor glorificado. O Senhor está no meio delas.

Aquela que aparece depois dos selos abertos, essa não merecem nada, a não ser um duro juízo condenatório. Para essa, Deus diz "sai dela povo meu!". 

É por meio dessa igreja (representada nos sete candeeiros) que Deus está dando testemunho da obra de Seu Filho ao mundo e aos principados e potestades: E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. Efésios 1:22-23

Mas por que sete igrejas em sete cidades distintas?
Sete é um número finito, completo, íntegro. Na cultura judaica sete é perfeito, total. Em sete dias Deus completou o mundo em Gênesis. Perdoe setenta vezes sete. Sete voltas a cidade de Jericó foi contornada. Naamã mergulhou sete vezes no Jordão. Elias, o profeta debruçou sete vezes no menino morto e ele ressuscitou! Sete igrejas simbolizam a igreja de todos os tempos e de todos os lugares. De todas as nações, culturas e etnias. Em sete cidades diferentes por causa de sua fusão em suas cultura. As sete cidades têm culturas distintas e veremos que cada igreja se alimenta e se retro alimenta da cultura local.

E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro.
E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. 
Apocalipse 1:13-1


Bem, João foi arrebatado, abduzido, conduzido para um outro lugar. Um lugar com configurações totalmente diferentes em relação ao espaço-tempo. Um lugar onde ele tem uma visão privilegiada de todos os acontecimentos que irão se desenrolar diante dele. Ele vai ver a origem e o término de toda a história da civilização humana entrelaçada com seres espirituais do bem e do mal. Um lugar que já foi visitado por um outro homem - Enoque - a mais de 7 mil anos antes dele e que viu as mesmas coisas (Judas: E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; Judas 1:14)!

Não pense nesse lugar onde João está em termos físicos, material, concreto. João não foi abduzido para um outro planeta. Não está no espaço Sideral assistindo os eventos apocalípticos! Ele está numa outra dimensão! 
Por exemplo, pense na dimensão micro biótico das bactérias. 
Com certeza, se você fosse uma bactéria consciente das realidades a sua volta, sua visão, seu universo seria radicalmente diferente de tudo que você já viu, mesmo assim seriam realidades todas dentro da dimensão física desse universo. Certamente sua linguagem teria que ser extremamente diferente para descrever as circunstancialidades de todas as coisas.
Como você, sendo uma bactéria descreveria uma formiga? Um elefante? Um ser humano? O Sol?
Mas João foi para uma outra dimensão, a dimensão espiritual, invisível, etérea; onde as leis são outras, o tempo não existe e o espaço não é localizável! Imagine um lugar que está separado de você apenas por uma "membrana" do espiritual. Uma membrana separando a fisicalidade da espiritualidade. Para isso, você não precisaria nem sair de sua cama! 
Temos visto e ouvido a ciência falar sobre mundos paralelos, universos paralelos e a teoria das cordas. João foi levado para uma dimensão bem mais superior que a física quântica possa imaginar! Um lugar onde passado, presente e futuro não estão separados pelo tempo!

A partir de agora tudo o que João vai ver tem outras configurações, tem outros avessos, outros contrastes, outras formas. O belo ficará horrível. O escuro será, de fato, iluminado. O invisível ficará visível. Ele verá coisas que não terá nenhuma semelhança com coisa alguma que ele já viu e que está arquivado no banco de dados de sua memória, por isso, repetidamente e exaustivamente ele terá que recorrer ao termo "semelhante", mas que não é. É semelhante, mas não é a realidade do que ele está vendo. Se assemelha por comparação, mas não é a realidade plena e factual que seus olhos contemplam, visto que, na terra não existe o que ele está vendo!

Veja essa visão inicial que ele tem de Jesus.
João tinha conhecido Jesus como um homem comum e normal. Talvez com um metro e oitenta de altura, cabelo e barbas compridas, pele queimada e ressecada pelo sol escaldante da Palestina, pés empoeirados e calçados por um par de sandálias de couro surrado pelo uso. Testa molhada pelo suor e mãos grossas e calejadas devido o uso constante de ferramentas pesadas da marcenaria dos fundos de sua casa em Nazaré. Mesmo após sua ressurreição, ainda características físicas peculiares de Jesus podiam ser notadas como as cicatrizes nas mãos, pés e do furo da lança  abaixo das costelas.
Porém, agora, após sua ascensão, tendo Jesus sido exaltado à destra do Pai, tendo sido feito Senhor de todos os mundos e recebido do Pai honra e glória, assim ele aparece para João!
E qual a sua aparência? 
...um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro.
E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. Apocalipse 1:13-1

Observe que João já começa usando o termo "semelhante", aqui.

Jesus tem outra aparência daquela que João havia conhecido desde então. De fato, João ficou extremamente assustado com a visão de Jesus agora diante dos seus olhos! Ele caiu como morto! 
João estava estarrecido com a Presença de seu Senhor! Jesus não se parecia com a mesma pessoa que ele se lembrava. 
João usa então hipérboles para poder descrever o que ele estava vendo! O uso de hipérboles e superlativos serão ferramentas linguísticas recorrentes nas narrativas do apóstolo.

Essa expressão "Filho do Homem" tem muitos significados, era um dos títulos que Jesus mais usou nos Evangelhos.

  • Jesus viveu para se identificar como um Homem. Um homem que vive segundo s vontade de Deus. Um homem perfeito.
  • Os gregos buscavam encontrar um Homem que fosse capaz de entender e viver a vida plenamente.
  • Paulo chamou Jesus de "último Adão". Porque, segundo as Escrituras, Deus só criou dois homens a sua imagem e semelhança, Adão e Jesus, os demais são suas descendências, o primeiro com a capacidade de se reproduzir fisicamente e o segundo com a capacidade de se reproduzir espiritualmente. Ambos como cabeça de uma raça e de uma civilização. Nesse contexto, Jesus é reconhecido como "primogênito dos mortos" e o primeiro Homem glorificado de uma raça que vai herdar a terra para sempre.
Jesus aparece para João vestindo uma roupa sacerdotal. No contexto religioso e cultural de João, só sacerdotes usavam uma vestimenta assim e para João o sacerdote do Antigo Testamento quando vestia tal traje é porque este homem ia exercer uma função intermediária entre os homens e Deus.
Segundo Paulo, o cinto de ouro puro é símbolo da verdade ( Efésios 6 :14) e geralmente o cinto não ficava em volta da "cintura" como nos dias de hoje, mas na altura do peito pois tal acessória dava suporte a tudo mais que fosse vestido depois.
A cabeça e os cabelos brancos alvos como a lã, como a neve que simbolizam sua maturidade e sabedoria, os cabelos grisalhos e brancos traduziam essa passagem da maturidade e maturidade nos dias de Israel (A beleza dos jovens está na sua força; a glória dos idosos, nos seus cabelos brancos. Provérbios 20:29)
Os olhos como chamas de fogo: penetrantes e diante de tudo que para ele é um flagrante. Nada se oculta, na se encobre mas onde tudo está nu e descoberto. Diante desses olhos tudo é visto e discernido, até mesmo os pensamentos mais profundos do consciente e do inconsciente. Tudo é discernido, as motivações, as intenções, o planos secretos e indiscerníveis das criaturas humanas e espirituais. 
Quando o sumo sacerdote entrava diante de Deus no "tabernáculo" do Antigo testamento, ele tinha que entrar descalços. Seus pés tinham que estar tocando o chão para ele se lembrar que tinha sido formado do pó e sendo assim, representava tudo o que tinha sido criado do pó da Terra. Pois bem, os pés de Jesus estavam limpos e brilhantes como de um bronze polido, indicando sua identificação com a humanidade, como aquele que que pisou na Terra, se "sujou" com o pó da terra, mas que sujeira nenhuma "grudou" em seus pés. Como diz lá em Isaías: "ele pisou o lagar" (Por que tuas roupas estão vermelhas, como as de quem pisa uvas no lagar?Isaías 63:2)! Mas assim, como o bronze tem boa função de conduzir a eletricidade sem assim se enferrujar, assim os pés de Jesus não se corrompeu nessa função de ser sacerdote para Deus diante dos homens. Lembrando também que as peças que ficavam do lado de fora da "tenda da revelação" no Antigo testamento, como o altar do holocausto, simbolo da Cruz, e a pia de lavagem diante da entrada da porta, simbolo da Palavra, eram feitos de bronze polido. Referencia magnífica de seus pés reluzentes como bronze polidos refinados numa fornalha. Enfim, sinaliza sua total identidade como o Sumo Sacerdote humano para com Deus. (leia Hebreus 5:1-10). 

A voz de Jesus era como "a voz de muitas águas". Lembre que João estava na ilha de Patmos, ou seja para qualquer lugar da ilha que João fosse ele podia ouvir o barulho das ondas do mar Mediterrâneo se quebrando nas pedras que existiam ao redor da ilha. Som poderoso, abrangente, inevitável, com ruídos incessantes de dia e de noite como a voz de Deus no coração humano.

Na mão direita sete estrelas, que no verso 20 desse mesmo capítulo, ele explica o que significa. E de sua boca saía uma aguda espada de dois fios, significando o poder de suas palavras que é penetrante e aguda. (Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração.Hebreus 4:12)

O rosto brilhava como o Sol na sua força. 
Significando sua glória.
Moisés, no Antigo testamento, depois de 40 dias diante de Deus no monte Horebe, também desceu do monte com o rosto iluminado, no entanto o rosto de Moisés foi perdendo a luz na medida em que os dias se passaram, mas no caso de Jesus, o rosto brilhava "como o Sol na sua força", o que para João significava que seu rosto tinha luz ininterrupta e inesgotável.

O idoso apóstolo disse que quando viu Jesus desse jeito e com essa aparência ele "caiu aos seus pés como morto". Não tinha como permanecer diante dele de pé. Tal era a a Glória de seu resplendor nesse momento. Isso nos faz lembrar da mesma reação que o profeta Daniel teve diante dele 700 anos numa mesma visão, a ponto dele ficar fraco e suas forças esvaiu de dentro para fora: "Olhei para cima, e diante de mim estava um homem vestido de linho, com um cinto de ouro puríssimo na cintura.
Seu corpo era como o berilo, o rosto como o relâmpago, os olhos como tochas acesas, os braços e pernas como o reflexo do bronze polido, e a sua voz era como o som de uma multidão.
Somente eu, Daniel, vi a visão; os que me acompanhavam nada viram, mas apoderou-se deles tanto pavor que eles fugiram e se esconderam.
Assim fiquei sozinho, olhando para aquela grande visão; fiquei sem forças, muito pálido, e quase desfaleci.
Então eu o ouvi falando, e, ao ouvi-lo, caí prostrado, rosto em terra, e perdi os sentidos.
"
Daniel 10:5-9A razão também porque Jesus não permitiu que Madalena o tocasse após sua ressurreição: "Jesus disse: "Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês"João 20:17 

Percebe-se por esses textos qual é poder te tal corpo glorificado!
João está caído, aflito e desesperado.
Jesus acalma João. Toca em seu ombro e afirma sua identidade agora humana divinizada, assegurando sua sua vitória sobre a morte e o inferno confirmando o que foi dito para o outro apóstolo, Pedro: "(...) Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito,no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água, (...) 1 Pedro 3:18-20

Verso 19, Jesus estabelece o próprio esboço daquilo que irá mostrar para João: ""Escreva, pois, as coisas que você viu (passado), tanto as presentes (presente) como as que estão por vir"( futuro)Apocalipse 1:19 .

Esse é a única ordem imposta da narração, porém veremos que a visão é dada com os olhos daquele que será posto num lugar privilegiado e com invasões visuais privilegiadas, penetrando no âmago da história humana e mostrando a origem e essência de todas as coisa que lhe serão mostradas.

O versão 20 do capitulo primeiro introduz os capítulos segundo e terceiro, ou seja, a mensagem será atual para todas as igrejas, mas para todas as igrejas mesmo. De todas as épocas e de todos os lugares.
Apenas mais dois detalhes importante antes de estudarmos as mensagens para as sete igrejas:

  1. O manuscrito original das narrativas daquele escrito que vieram das penas do idoso João não possuía divisão de capítulos e nem de versículos como estão registrados na Bíblias modernas de hoje. O texto era um escopo único. Um texto corrido. As divisões de capítulos apareceram séculos depois, e os versículos em 1551. ( Em 1227, um professor da Universidade de Paris, chamado Stephen Langton agregou capítulos a todos os livros do NT. Depois, em 1551, um impressor chamado Roberto Stephanus enumerou os versos de todos os livros do NT.) -Viola, Frank :CRISTIANISMO PAGÃO: ORIGENS DAS PRÁTICAS DE NOSSA IGREJA MODERNA.
  2. As igrejas no Apocalipse tem formatação totalmente diferentes das igrejas de hoje. Por exemplo, elas não tinham templos, não eram divididas em denominações, não possuíam uma sede matriz, não tinham liturgias pré-definidas, ou seja, elas eram constituídas apenas de pessoas que se reuniam num determinado lugar nem sempre fixo pois dependiam muito do interesse dos governantes deixarem ou não!
Digo isso, mais é imprescindível que o leitor tenha em mente quando lê o Apocalipse. Nem o título "Apocalipse" tinha esse livro escrito por João!



Anjos: homens ou seres espirituais?

"O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas." (Apocalipse 1: 20)

A palavra anjo (grego, angelos, literalmente "mensageiro"); um mensageiro que carrega uma mensagem.

Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro.
Apocalipse 2:1

Há uma fusão da figura do anjo, como ser enviado por Jesus, em sincronia com a figura de um líder ou ancião numa igreja local de modo que o termo "mensageiro" bem pode ser aplicado de maneira conjunta, ou seja, no trabalho conjunto do anjo-anjo e do anjo-homem na divulgação do evangelho numa determinada cidade. Observe os textos bíblicos: Galatás 1:8; II Corintios 11:13-15; Malaquias 3:1; Paulo afirma a presença de anjos num culto local em I Corintios 11:10.; A sincronia da presença de anjo-anjo entre os apóstolos na cooperação  mútua entre eles na disseminação do Evangelho era de percepção comum naqueles dias, veja Atos 6:15 (Estevão); 8:26 (Filipe); 10: 3-7 (Cornélio); 12: 7-11 (Pedro); 12:23 (Herodes); 27:23 (Paulo). Essa realidade espiritual deve ser levada em consideração quando lemos que as cartas de Jesus às sete igrejas serão entregues nas mãos dos anjos das sete igrejas das sete cidades. 
Outras realidades históricas devem ser consideradas:

· 1°As igrejas no Apocalipse não eram denominacionais. A configuração neo-testamentária era muito diferente do que atualmente presenciamos em nossos dias. A igreja não estava dividida em grupos e subgrupos organizacionais da mesma maneira que encontramos hoje. As divisões era simplesmente uma necessidade geográfica e a única divisão reconhecida por Jesus ali eram as divisões de localidade das "polis", ou seja, das cidades, de maneira que temos ali sete cidades e não sete grupos denominacionais. Esse entendimento é muito importante na análise das implicações da palavra "anjo" nessa porção específica do Apocalipse. Hoje em dia, as igrejas locais numa única cidade estão divididas em grupos e subgrupos denominacionais. As pessoas não se reúnem em torno da doutrina dos apóstolos e dos ensinamentos de Jesus. A motivação denominacional é por razões várias e não bíblicas o que em muito relativiza a mensagem do "anjo-anjo". O anjo-homem está mais refém da necessidade de obedecer a configuração de sua denominação, do que seguir e obedecer a mensagem do anjo-anjo que atua sobre a cidade.

· 2° Outra grande diferença era a ausência de templos como hoje conhecemos e chamamos de "igreja". Na mente de Jesus, igreja é gente, é povo, são pessoas. Os apóstolos também só pensavam em "igreja" dessa forma. A igreja então não possuía "templos". O povo se reunia em torno das doutrinas, dos ensinamentos e dos testemunhos dos apóstolos. A comunhão não era coisa de "domingo à noite". A própria situação histórica de grupo perseguido e marginalizado promovia o amor e a união entre eles.

·  3° Considere o fato que nos dias de João em Patmos e antes dele não existia ainda um "novo testamento". Eles se serviam dos pergaminhos (que eram caros!), das cartas dos apóstolos que circulavam de cidade em cidade e de algumas versões da biografia de Jesus escrita por alguns apóstolos. Ou seja, a necessidade de "sincronismos" com as realidades espirituais e a busca de uma palavra de revelação que estivesse em acordo com os ensinos dos apóstolos justificava o envio das cartas de Jesus às igrejas! Não havia os relativismos denominacionais, doutrinários, culturais e personificantes que existem hoje!
Por isso, quando alguém se auto afirma como "anjo" da igreja pela necessidade de se impor sobre a sua congregação, mais numa perspectiva autoritária do que autoridade espiritual, não sabe o que está fazendo e como está se colocando numa posição perigosa diante de Deus, dos anjos e dos homens.

O sujeitinho sobe num alambrado de madeira ou de tijolos que chama de púlpito, num salão alugado ou templo de tijolo que chama de "igreja", e que só pelo fato de alguém ou alguma junta pastoral de homens atrelados à interesses de sua denominação o faz "pastor", achar que já é o "anjo" da igreja, é um ser ingênuo ou auto enganado! Acha que o seu seminário teológico garante tal posição!

Perdemos muito quando nos afastamos da simplicidade do evangelho e da vida em Cristo. Prova disso são os seres surtados de auto glorificação que arrebentam que nem pipocas nos púlpitos das igrejas evangélicas hoje! Os caras alugam uma sala de três metros quadrados e chamam de "Templo dos Anjos" ou "Catedral da Glória de Deus e dos Anjos".

Creio que o anjo da igreja do Apocalipse pode ser um ser humano numa junção sincronizada com anjos que estão ligados à Jesus conjuntamente com outros líderes  numa cidade e que tal posição só é possível quando o fluxo da revelação transita entre eles, sabendo das implicações e das realidades espirituais que isso significa. Uma vez que isso não esteja acontecendo, o tal líder perdeu essa prerrogativa! É aí que falta o discernimento dessa igreja que não conhece Jesus e nem a Bíblia!

Outros textos que devem considerados sobre os anjos "mensageiros":

Hebreus 1:7 - eles são "ministros" para o evangelho.
I Pedro 1:12 - anseiam e colaboram com a pregação do evangelho.
João 1: 51 - sobem e descem sobre o Filho do Homem.
Apocalipse 10: 2, 9 - Anjo-anjo e anjo-homem juntos.
Apocalipse 14:4 - O anjo e o Evangelho eterno.
Hebreus 13: 2 - Gente que acolheu anjo.

Conclusão : Não é tão fácil e tão simples assim "virar anjo"!

Então, vimos que estas sete igrejas são de fatos sete grupos de pessoas que se separavam em sete cidades diferentes. O único fator de divisão permitido no Novo testamento em relação a igrejas são distancias geográficas.
Observe que para cada igreja há uma palavra de correção ou de estímulo por parte de Jesus. Na verdade, das sete, apenas duas igrejas não são corrigidas. Outras cinco precisam de correção.

Observe, e isso vai depender de um certo conhecimento cultural e sócio-econômico do lugar, as igrejas são influenciadas e contaminadas com a cultura local de cada cidade.

Para cada igreja, há uma promessa para o grupo chamado de "vencedores". 


Éfeso: a morte do amor


A primeira igreja é a da cidade de Éfeso.

Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro.
Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores.
Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido.
Apocalipse 2:1-3


Éfeso está presente no livro de Atos.

Sua trajetória tem o privilégio de ter a presença de Paulo, Silas e João. Éfeso era um centro comercial, cultural, religioso e poder político da região. 
Éfeso era uma cidade portuária, estrategicamente localizada as margens do Mar Mediterrâneo. Hoje, as ruínas de Éfeso foram localizadas a uns 13 a 15 quilômetros do mar pois devido as muitas atividades sísmicas acabaram modificando a geografia do local. Éfeso era uma cidade magnífica em seu tempo, com sua arquitetura, sua proximidade marítima e seu grandioso templo a deusa Diana. Seus artífices, seu comércio, seu culto a deusa-mãe, faziam de Éfeso um local bem estratégico para Paulo pregar ali o Evangelho. Segundo o livro de Atos capitulo 19, houve um despertamento espiritual em Éfeso com a chegada de Paulo. Ali nasce uma igreja vibrante e entusiasmada. Num único capitulo do livro de Atos, o capitulo 19, temos uma síntese poderosa com o que aconteceu em Éfeso. Vejamos, logo em sua chegada, Paulo encontra 12 homens, discípulos de João Batista, discípulos por assim dizer que nada sabiam acerca de Jesus. Paulo retoma a evangelização na vida daqueles homens. Após esse episódio, Paulo começa a pregar na sinagoga dos judeus e com ousadia debate com eles semana após semana até que sua presença ali se tornou hostilizada pelos seguidores e discípulos de Moisés. Uma vez sendo insuportável sua pregação na sinagoga, ele usa a escola de um tal Tirano para ensinar diariamente a palavra do Evangelho. Fez isso durante dois anos, possibilitando que seus ensinos se espalhassem por todas as cidades daquela região. Diz o texto que Deus fazia coisas extraordinárias pelas mãos de Paulo. Uma vez isso acontecendo, seu trabalho desperta a inveja de alguns judeus exorcistas que tentaram imitar Paulo mas cuja tentativa foi extremamente vergonhosa para sete deles. Como uma carreira de dominós que vai derrubando uma peça após a outra, esses eventos vão provocando outros eventos mais agitadores na cidade, o episódio dos exorcistas mal sucedidos provoca uma renúncia religiosa e cultural na cidade a ponto de livros, que eram caríssimos, serem queimados em praça pública. Livros de magia e ocultismo queimados em praça pública provocaram a ira dos artífices de imagens da deusa Diana. Tal fúria desencadeou o envolvimento das próprias autoridades política dos homens de Éfeso para que Paulo e seus companheiros deixassem a cidade de Éfeso. Essa síntese das sínteses demonstra o enorme impacto do surgimento de uma igreja forte e apaixonada nessa cidade. Há uma carta de Paulo que traduz a profundidade espiritual com a qual o apóstolo podia compartilhar suas revelação do Evangelho para esse povo.

Pois bem, Jesus inicia sua mensagem aos efésios dando-lhes a certeza de que os conhece. Conhece suas obras, seu trabalho árduo e perseverança. Conhece até o fato deles conhecerem quem são os apóstolos legítimos e quem são os farsantes, o tipo de gente que já começava a proliferar nos dias de João. Jesus diz a eles que tem conhecimento da lealdade e da fidelidade da igreja de Éfeso para com ele.
Mas aí vem a dura constatação por parte daquele que tem olhos como de fogo e nada escapa de sua radiografia divina: você abandonou seu primeiro amor!
Para quem olhava de fora, estava tudo muito bem. Mas aos olhos do Senhor, havia uma frieza instalada no coração do povo. Era a obediência não mais acompanhada de amor apaixonado.

O remédio para essa doença era, lembrar-se de onde caíram e arrepender-se e voltar a praticar as  primeiras obras, caso contrário, Jesus diz "virei sobre ti e removerei a sua luz, a sua lâmpada, o seu castiçal". Infelizmente, historicamente a igreja de Éfeso não se arrependeu, aliás, não só as igrejas desapareceram, bem como todas as cidades viraram pontos arqueológicos, ruínas e polos turísticos ao sul e sudeste da Turquia nos dias de hoje!

Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio. Apocalipse 2:6

Dois males atacaram profundamente as igrejas neo testamentárias e que tem suas correspondentes doutrinárias e filosóficas nos dias de hoje: a doutrina dos nicolaítas e a filosofia gnóstica.

Nicolaítas: Há duas vertentes de interpretação aqui e ambas tem pontos fortes em suas afirmações. A primeira era de que esse nome proveio do diácono Nicolau mencionado em Atos 6. Ele fundou um grupo onde a poligamia e a promiscuidade sexual era um estilo de vida. Há quem diga que ele iniciou essa prática licenciosa usando sua própria mulher, uma vez que ela era muito bonita e cobiçada pelos homens de sua época. O interessante é que esse tipo de prática permanece em alguns grupos religiosos nos dias de hoje. 

A segunda possibilidade era a raiz grega e etimológica da palavra "Nicolaítas", Nico significa "conquistar" e laíta significa "pessoas", ou seja, conquistador de pessoas, em outras palavras, alguns homens tinha sido chamados como parte de uma elite dentro da igreja, homens com posições especiais e que tinham o direito de exercer liderança incontestável sobre os outros, sobre os "leigos". Uma classe sacerdotal. Removendo assim a doutrina apostólica de que todo homem é um sacerdote diante de Deus. Paulo, Pedro, Tiago e João ensinavam não existirem  esse tipo de coisa na igreja do Senhor!

Como disse, as duas interpretações são razoáveis e possuem verdades nas quais a igreja deveria abominá-las! Por ambas as razões! Mas, para mim, e digo isso devido ao verso 7, a segunda me parece a mais razoável.

Gnosis: A pressuposição desse grupo é que a salvação vem de um "conhecimento profundo e misterioso".  Os gnósticos estão bem presentes entre nós nos dias de hoje. Penso que a junção de ambas interpretações nos possibilite entender o asco do Senhor contra os Nicolaítas porque uma vez que alguns homens tinham acesso a esse conhecimento profundo envolvido em mistérios, somente eles podiam exercer domínio sobre o povo. Seriam eles a classe sacerdotal privilegiada entre os leigos. Infelizmente essa idéia e esse grupo prevaleceu e se oficializou décadas mais tarde.

Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus. Apocalipse 2:7.


Interessante que essa promessa de Jesus vem ao encontro do que acabo de explicar, ou seja, se existe um grupo que deve tomar posse da "árvore da vida", e não de um conhecimento oculto e misterioso, são os vencedores, os que sabem de onde caíram, se arrependeram, voltaram a prática do amor e que se resistiram os nicolaítas. Esses sim devem comer da árvore da vida e receberem vida eterna, vida de Deus. É o direito adquirido por esses vencedores.


A igreja de Esmirna: mirrada

Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver.
Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás.
Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.
Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte. Apocalipse 2:8-11

A segunda carta vai para o anjo da igreja de Esmirna, e de fato, Esmirna significa mirra, uma planta da qual sendo prensada saía um líquido, do seu caule, uma vez arranhado, vertia uma resina e dessa planta utilizava-se tudo para a fabricação de remédio, anti séptico e essência para incenso e perfumes. Detalhe interessante: a planta tinha que ser moída, arranhada, cozida e prensada para dela se tirar sua utilidade.
A igreja de Esmirna era pequena, pobre e vivia na eminencia te passar por uma grande tribulação, porém a cidade era próspera, um centro cultural, devota do deus Adônis e tipicamente de tradição grega. De fato, os gregos jamais abriram mão dessa cidade e por meio de acordo político e diversas concessões ao império romano mantiveram sua identidade cultural greco-macedônia.
A expressão " que morreu e tornou a viver" que Jesus usa no início da carta é muito pertinente e significativa.

Pérgamo: o trono de Satanás

O livro do Apocalipse, no capitulo 2:12, traz uma palavra de Jesus aludindo que na cidade de Pérgamo estava o trono de Satanás. Portanto, isso é uma declaração forte e reveladora, pois sabemos que a cidade de Pérgamo, de onde se originou o "pergaminho", 
Era uma cidade onde o culto ao imperador romano era obrigatório.

Jesus diz: "Sei onde vives. É onde está o trono de Satanás".
É interessante Jesus dizer isso de Pérgamo e não de Roma e nem de Jerusalém Provavelmente por estar tratando da localidade de Sua Igreja, pois no Novo Testamento o único "espaço geográfico" considerado por Jesus é a localização e os limites de uma cidade. Não há denominações reconhecidas por Jesus, mas somente a cidade onde sua igreja está vivendo.
Jesus não reconhece sua igreja dividida em grupos e subgrupos denominacionais!
A outra revelação interessante é o Trono de Satanás.

Há uma entidade espiritual na cidade onde Satanás tem seu Trono. De onde ele domina e governa as mentes das pessoas.
Seria o uso da cultura local? Seria a presença do império romano na figura da imagem de César e o culto a ele prestado? Seria o comércio local e a ânsia de fazer dinheiro?
Todas as cidades têm seus "tronos de dominação". Observe que no Brasil, nós temos cidades que influenciam todas as pessoas da nação, seja pela política, pela cultura, pela religião ou pelo comércio. E o diabo vai sendo entronizado na mente das pessoas pelo sistema que dali se prolifera.
Qual é a capital dos ritmos, compositores e poetas do Brasil? Resposta: a Bahia.
Qual é a capital da sensualidade, dos modismos tele novelísticos e da violência no Brasil: O Rio de Janeiro.
Qual é a capital do dinheiro, do materialismo, da pressa e dos negócios no Brasil? São Paulo.
Qual é a capital da corrupção política do Brasil? Essa é fácil...: Brasília.
Satanás tem seus tronos de onde emana seu poder malévolo para todo o país, e isso chegando até em nossas pequenas cidades.
Há dois aspectos interessantes nas manifestações físicas desse poderio.
Dois extremos: um muito "certinho, limpinho e em ordem", e outro da bagunça, sujeira e anarquia. Já passei por lugares e cidades onde o que predominava era uma limpeza e uma ordem estabelecida pelas autoridades que me davam a sensação de que aquilo não vinha de Deus, ou seja, estava tudo muito "certinho" e organizado pela política e pela religião dominante de modo que as pessoas pareciam autômatos.

De fato, a sujeira sempre está "debaixo do tapete".
Quando Jesus entra no templo com um azorrague na mão, ali se constata um ato de exorcismo espiritual, visto que todas as exigências das autoridades do templo estavam estabelecidas. Podia se praticar o comércio no "pátio dos gentios", mas a área interior era "sagrada". Os sacrifícios estavam sendo oferecidos regulamente e tudo estava em ordem diante do povo e diante do império, então Jesus entra no templo e com um chicote na mão e com o dedo em riste aos sacerdotes profere as maldições mais sérias e terríveis da Bíblia (Mateus 23). Ele coloca "desordem" na Casa e restabelece o foco da oração e da liberdade perante Deus.
O "trono de Satanás" pode estar bem sutil entre nós! Ele pode se estabelecer bem camuflado entre as nossas doutrinas, liturgias, músicas, ritos e templos.
Creio que há grupos religiosos inteiros sob seu domínio.
Mentes controladas.
Há manifestações do "espírito" muito distantes daquelas provindas do Espírito de Deus.

Mentes fanatizadas são terrenos férteis para espíritos malignos e moradas de demônios.
Segundo Paulo "doutrinas de demônios e comichões nos ouvidos"
Acredite, o "trono de Satanás" está entre nós.
Quem for sensível, perceptível e sábio perceberá!

Lançamento do livro: CAÍDOS - Autor: Reinaldo de Almeida

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