Segundo a tradição judaica, o livro
de Jó é o mais antigo dos registros do canon judaico sagrado.
Segundo a tradição dos
judeus o livro de Jó nem deveria estar entre os escritos canônicos uma vez que
não se sabe de sua origem e descendência. Alguns, alegaram que sua narrativa
poética é tão improvável, que alegaram, de alegoria mesmo, que alegórico deve
ser o livro de Jó. Mas o próprio Deus, Yavé, afirmou muitos anos depois, que Jó
foi um homem; foi muitos anos mais tarde, no conhecido profeta do exílio
judaico, Ezequiel, que Deus disse: "Ainda que estivessem no meio
dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam
apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS. Ezequiel 14:14
Ainda
que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que
nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas
próprias almas pela sua justiça. Ezequiel 14:20"
.
Por causa desses textos, os próprios judeus perceberam que não se
podia continuar negando a humanidade de Jó e afirmar a tal
"alegoria" da narrativa, caso contrário, teria que se negar o homem
Moisés, o homem Daniel e a própria veracidade profética de Ezequiel, a história
dos judeus, enfim, teria que ser negar a própria Escritura
divinamente inspirada dos judeus.
Conclusão: Não toquem em Jó e
deixem Jó nas escrituras judaicas e embora não tendo ele ascendência abrâamica
e nem tradição judaica, contudo ele se enquadra na categoria
"Melquisedeque" na revelação de Deus na história.
Digo isso, para se entender a mensagem central e profunda que Jó
quer nos passar, ou seja a mensagem da Graça soberana de Deus.
A própria soberania de Deus é atestada em Jó. Isso, bem
antes de Abrão, Moisés, Mar Vermelho se abrindo, páscoa judaica, Dez
Mandamentos, Sinai fumegando, profetas judeus, Bíblia, templo, igreja, etc...
Jó está sozinho em sua fé!
Perdeu tudo.
Só
não perdeu a razão e a estrutura íntegra de seu ser, de sua consciência,
de sua esperança no amor e na graça de seu Deus.
Paralelamente ao mundo linear, histórico de Jó, há uma questão
entre Deus e os poderes angelicais e demoníacos sendo resolvida. É uma questão
de interesse ao mundo espiritual e aos poderes espirituais.
Por que Deus vem dando tanta atenção a essa raça de humanos?
Por que Deus elegeu o homem como foco central de seu amor?
A questão seja talvez de grande interesse aos poderes
espirituais, uma vez que o próprio Deus trata de responder iniciando ele mesmo
a conversa com Satanás com pergunta: de onde vens?
Deus fica livre em Jó.
Deus não se prende ao Yang Yung, ao mundo
bifásico, dualístico do bem e do mal.
Deus não se permite refém do maniqueísmo simplório e
cármico, linear e espírita kardecista.
Em Jó, a justiça pode não ser retributiva.
Em Jó, a história pode não ser matemática onde dois mais dois é igual a
quatro.
No
livro de Jó, os mundos são quânticos e as realidades são alternativas.
No livro de Jó, nem tudo o que
se planta colhe e nem todo o mau é recompensado e punido com mal.
Deus pergunta ao diabo:
- "De onde
vens?".
Como se Deus não soubesse...
Vindo da Mesopotâmia, da Índia, da China, do continente africano, das Américas, das ilhas dos mares, dos Polos. Vendo as tribos, etnias, nações com seus altares, templos, com os seus zigurates, seus ritos e cerimônias, seus cultos de adoração e seus sacrifícios pelos pecados, suas danças e suas rezas, seus castigos e recompensas, Satanás chegou a uma única conclusão: os humanos só buscam o criador, a divindade, o ser supremo, seja ele chamado de Deus, deuses, Alá, Shiva, Yavé, Odin, Zeus, não importa. Todo culto, altar, rito, religião, sacrifício, tem como finalidade subtrair, tirar, manipular, convencer, seduzir Deus a beneficiar o homem.
Toda manifestação de fé no planeta tem por objetivo receber desse
Deus, dessa divindade, o poder, a riqueza, o perdão, a salvação, a
prosperidade, as benesses, seja lá o que for desse "deus" abobalhado
por tanta manifestação de um amor interesseiro!
O diabo pensa que Deus deixa se enganar e se iludir por essa sede e fome d’Ele!
O diabo pensa que Deus não sabe disso!
O diabo pensa que Deus não pensou nisso!
O diabo pensa que Deus não percebeu isso!
Foi com essa síntese, com essa conclusão que Satanás se apresenta diante de Deus, sendo ele surpreendido com a pergunta de Deus revelando essa conclusão tão óbvia, tão simples e tão profundamente medíocre; mediocrizando a "suposta" soberania de Deus, mediocrizando o próprio Deus aos olhos de Satanás! Obviamente, Satanás não tem coragem de falar para Deus essa tão simples conclusão que ele mesmo chegou ao fazer um tour pela Terra. Mas como Deus conhece os próprios profundos pensamentos do diabo, Deus não deixa por menos e então pergunta: "Donde vens?".
O interessante que tudo isso acontece na primitividade da história humana. Logo após os filhos de Noé terem se proliferado sobre a Terra. Jó, muito provavelmente era um descendente de Jafé, mais do que de Sem ou Cã.
Quando as manifestações de Deus eram raríssimas.
Quando nenhum ícone, altar, templo, escritura de Deus existiam, uma vez
que o Dilúvio havia varrido e limpado a Terra.
Foi nesse mundo que Deus chama de Satanas a sua atenção para um
único homem, pelo menos e pelo que sabemos, para esse Jó.
E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
Então o Senhor disse a
Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra,
e passear por ela.
E disse o Senhor a
Satanás: Observaste tu a meu Servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a
ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.
O surpreso maléfico
responde desde a sua mais alta e sapiente conclusão:
Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a
Deus debalde?
Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.
Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.
Jó 1:9-11
Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.
Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.
Jó 1:9-11
Bobinho!
Pensas tu que Deus não havia notado essa inclinação nos cultos, doutrinas,
altares, rezas e orações que humanos fazem para Ele da Terra?
Todavia Deus não se ilude por esse
tipo de fé!
Nem de fé íntegra Deus isso
chama.
Essa é a fé de um pagão, bruxo,
feiticeiro, em Deus que não conhece o caminho da verdadeira fé nEle.
Essa é a fé da qual Satanás se gaba diante de
um deus abobalhado em querer ser reconhecido por homens interesseiros!
Esse é o deuzinho das religiões da Terra!
Mas Jó vai permitir Deus ser "mal entendido".
Jó vai permitir Deus ser mais do
que uma luta cósmica do bem contra o mau, uma vez que Deus vai usar o mal
contra o bondoso Jó e usar os "bons amigos de Jó" para o mal contra a
sua alma.
Em Jó Deus vai ser um Deus livre
para para usar o mal contra a alma de Jó.
Em Jó Deus será trevas e maldade na vida
de Jó sem que esse tenha provocado isso!
Duvida disso?
Então leia o que o próprio Deus fala para o diabo de forma clara e simples:
E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa. Jó 2:3
Em Jó, Deus nos mostra que o caminho da fé é infinitamente mais misterioso do que o caminho das crenças religiosas que querem nos ensinar. Que em Deus, dois mais dois pode não ser igual a quatro. Que nem tudo, como as religiões querem nos ensinar e que foram os mesmos erros que os amigos de Jó cometeram, que nem tudo na terra tem explicação. Que na fé, o justo pode sofrer e o maldoso pode ser prospero. Que as religiões com suas doutrinas lineares, cármicas, pseudo-inteligentes e razoáveis são burrinhas perto da verdadeira fé. Jó mostra que a verdadeira fé em Deus não busca e nem encontra muitas vezes respostas para os seus sofrimentos, mas contudo, permanece e prevalece em Deus esperando sempre, seja aqui ou na eternidade um "final feliz", mesmo que não haja garantias que isso aconteça como foi no caso de Jó, que jamais soube que tudo no final de sua vida seria duplamente recompensado.
Eu sei e voce sabe
porque lemos o final do livro de Jó, mas Jó não sabia que Jó teria sua sorte
mudada, contudo, jamais ele abandonou sua fé em Deus.
As explicações cartesianas
espírita-católica-evangélica-hinduísta-budista de seus amigos não convenceram o
velho Jó. Jó se recusava a reduzir Deus numa lógica humanamente razoável. Para
Jó, Deus era mistério puro, misericórdia pura, amor puro e ele se recusava a
perder a esperança, mesmo que estivesse no túmulo!
Para Jó, os caminhos de Deus nem
sempre são explicáveis e nem precisarão de explicações contanto que não se
perca ele de vista e do coração!
Leia as falas de Jó e veja se não era nisso que ele acreditava?!
Reinaldo de
Almeida
Um comentário:
Muito interessante esta explicação, se pudéssemos compreender a soberania de Deus, e o que é ter fé como mostra essé livro de Jó, talvez não tivesse tantas pessoas sofrendo, se desesperando e até ceifando suas vidas e de outros. O problema é que não temos tempo, uma leitura boa não faz parte da vida de muitos. Gosto muito de saber e entender essas verdades, que servem de exemplos para a nossa VIDA . PARABÉNS REINALDO pelo conteúdo de fácil entendimento, que mostra que a Fé é tudo e que jamais deveríamos duvidar e sim acreditar mais nesse imenso amor, que só encontramos em DEUS, que tudo vê, tudo pode e cuida de nós como filhos, nos dando o melhor, na sua hora, no seu tempo, e disso não podemos duvidar jamais.
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